quarta-feira, 26 de agosto de 2015

Estudo aponta lucro de cerca de 20 MILHÕES DE REAIS POR MÊS das empresas de transporte coletivo de São Luís.


HISTÓRIA RECENTE DOS AUMENTOS DA PASSAGEM E ESTIMATIVA DE LUCRO DAS EMPRESAS DE TRANSPORTE COLETIVO DE SÃO LUÍS


Denes Wenen Pavão da Silva - Licenciado em Biologia Universidade
Estadual do Maranhão. E-mail: dwenen29@gmail.com


Resumo: Este trabalho apresenta o histórico recente do aumento de passagem dos ônibus no sistema de transporte coletivo de São Luís. Demonstra que os aumentos não implicam em melhoria na prestação do serviço nem em aumento na qualidade do mesmo. Apresenta a situação jurídica e legal precária com a qual se encontra a gestão do sistema de transporte coletivo que nunca foi licitado. Apresenta ao final um estudo que demonstra uma estimativa de lucro mensal das empresas que operam o sistema de transporte coletivo de São Luís.
Palavras-chave: Sistema de transporte coletivo de São Luís; Aumento de Passagem de Ônibus; Situação jurídica precária; Estimativa de lucro das empresas.


Abstract: This paper presents the recent history of increased passage of buses in St. Louis mass transit system. It shows that the increases do not imply improvement in service delivery or in increased quality. It presents the precarious legal and legal situation that is managing the public transportation system that was never tendered. It offers the end a study that shows a monthly profit estimate of companies operating public transport system of St. Louis.
Keywords: St. Louis public transportation system. Increase Passing Bus. Precarious legal situation. Profit estimate companies.


1 INTRODUÇÃO

O objetivo deste artigo é apresentar um breve histórico recente do aumento da passagem dos ônibus que compõe o sistema de transporte coletivo da cidade de São Luís. Em seguida apresentar uma estimativa aproximada de lucro das empresas que operam este sistema baseado numa metodologia apresentada pelo Movimento Passe Livre de São Paulo.


2 HISTÓRIA RECENTE DO AUMENTO DE PASSAGEM EM SÃO LUÍS E O LUCRO ESTIMADO DAS EMPRESAS DE ÔNIBUS DE SÃO LUÍS


Em 1994, a tarifa em São Luís era de R$ 0,40; em 2002, R$ 1,50. Em 2008, na sua segunda gestão como prefeito, Tadeu Palácio (à época, filiado ao PDT) recorreu ao Superior Tribunal de Justiça (STJ) da decisão do Tribunal de Justiça do Maranhão (TJ-MA), que não suspendeu a liminar favorável ao Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros (SET) para aumentar o preço das passagens de ônibus em São Luís. Mesmo com a isenção do Imposto sobre Serviços (ISS) às empresas de transporte coletivo, concedido pela Prefeitura de São Luís por meio de projeto de lei aprovado pela Câmara Municipal, os empresários do setor queriam reajustar o preço das passagens em 14,47%. Com isso, as tarifas de R$ 1,70 passariam a custar R$ 1,95. Segundo o então procurador geral do município Paulo Helder, os empresários também brigavam na justiça para acabar com a gratuidade destinada a pessoas de 60 a 64 anos que são desempregadas.
“São Luís é a única capital brasileira a conceder a gratuidade a essas pessoas que estão desempregadas e já estão na faixa dos 60 a 64 anos. Foram realizadas várias iniciativas: a integração do sistema de transporte coletivo, com a construção dos terminais de integração, que garantiram que a população circulasse na cidade pagando apenas uma única passagem”, afirmou o então procurador.
Em 2004, na primeira gestão, a passagem aumenta de R$ 1,50 para R$ 1,70. Depois, foi implantada em Março de 2007 o sistema de bilhetagem eletrônica. O ex-prefeito diz que na sua gestão não houve greve, mas teve sim, com metade da frota circulando. E jura que não teve aumento tarifário durante 2004 e 2010. Mentira de novo. Foi concedido aumento de tarifas no nível I, II e III, no dia 13 de Maio de 2006.
Em Fevereiro de 2010, a Prefeitura de São Luís, na gestão João Castelo (PSDB), condicionou um aumento médio de 21,59% na tarifa de ônibus em São Luís à ampliação da frota em mais 300 veículos. Em agosto daquele ano, a Prefeitura afirmou que conseguiu fazer cumprir o acordo ao serem adicionados 312 coletivos ao sistema. Conforme os dados divulgados pelo Município, São Luís teria 1.108 ônibus em circulação. O presidente do Sindicato dos Trabalhadores nos Transportes Rodoviários de São Luís, Dorival Silva, questionou essa ampliação da frota. Segundo ele, a confirmação de que não houve um aumento real na frota de ônibus estava no número de motoristas, fiscais e cobradores contratados desde então. “Se há aumento da frota, tem de aumentar também a quantidade de trabalhadores. E isso não aconteceu”, frisou. “Alguns destes ônibus foram substituídos, o que é diferente de ampliação de frota”. Dorival Silva afirmou ainda que a quebra de ônibus é um problema vivido por muitos motoristas diariamente. O problema é que nem sempre eles denunciam, senão é demissão. Com o aumento de passagem determinado em 2010 pela Secretaria Municipal de Trânsito e Transportes (SMTT), a tarifa nível I passou de R$ 1,10 para R$ 1,30; tarifa nível II de R$ 1,30 para R$ 1,60 e a integrada de R$ 1,70 para R$ 2,10. As empresas tinham um prazo de 10 meses para cumprir o acordo. Mas os novos ônibus terminaram de ser incorporados apenas oito meses depois do fim do prazo.
Além de lesivo ao bolso dos usuários, o aumento foi determinado de forma autoritária pelo prefeito João Castelo. Vale lembrar que o aumento das passagens foi duas vezes maior do que o recente aumento do salário mínimo, o que significa que as famílias de São Luís terão perda real de renda. Na campanha eleitoral de 2008, o então candidato João Castelo assegurou que no seu governo não aumentaria a tarifa dos transportes coletivos de São Luís.
Desde que assumiu o mandato em 2013, Edivaldo Holanda Júnior (PTC) tem se esquivado de manter o compromisso assumido na campanha eleitoral de 2012, quando também afirmou que o valor atualmente cobrado pelas empresas que operam o transporte coletivo do município não iria aumentar. Eleito, a primeira polêmica do novo governo começou antes mesmo da posse do prefeito, vice e do seu secretariado. Em janeiro, o vice-prefeito de São Luís, Roberto Rocha (PSB), afirmou em uma entrevista que, diante do que chamou de ‘crise no sistema de transporte público’, havia a urgente necessidade de reajustar a tarifa de ônibus. Holanda Júnior fez promessas genéricas sobre transporte e trânsito em sua campanha. Dentre elas, a do Bilhete Único, nunca mais tratado por ele. Rocha diz que a licitação não pode ocorrer sem o reajuste das passagens. “Se for fazer uma licitação com tarifa de R$ 2,10 quem é que comparece? Qual empresa no Brasil terá interesse em concorrer com uma tarifa nesse valor? Nenhuma”.
Um mês depois, no dia 11 de fevereiro, acionada por estudantes, a promotora de Defesa do Consumidor do Maranhão, Lítia Cavalcanti, teve de intervir ao classificar como ilegal o aumento de 23,5% no valor das passagens de ônibus, determinado pela Prefeitura de São Luís, por meio da Secretaria Municipal de Trânsito e Transportes (SMTT). Não fosse a ação rápida do Ministério Público do Estado do Maranhão (MP/MA), a população ludovicense já estaria pagando mais caro pela passagem de ônibus desde então. De acordo com Lítia Cavalcanti, um aumento da tarifa pública não podia ser justificado apenas pelo déficit orçamentário das empresas de transporte ou pela perspectiva de aumento da frota de coletivos da capital. Para evitar então o aumento, a prefeitura se comprometeu a repassar, em caráter indenizatório, o percentual de 6,60% do custo total do sistema de transporte rodoviário municipal ao sindicato das empresas de ônibus da capital. Ainda assim, há uma semana, o SET voltou a pressionar o município para que eleve a tarifa antes do final do mês.
Segunda tarifa de ônibus mais cara da Região Nordeste [considerada a tarifa do sistema integrado, perde apenas para Salvador], o município pode ser a próxima capital do País a elevar o valor da passagem, apesar da possibilidade econômica de fazer o contrário, desde o dia 1 junho, quando a presidente Dilma Roussef assinou a Medida Provisória 617, que zera o pagamento do Programa de Integração Social (PIS) e da Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (Cofins) de empresas de ônibus urbano. Em contrapartida ao SET e à prefeitura, usuários do transporte público na capital denunciam que os empresários não investem adequadamente no sistema, e se queixam quanto à qualidade oferecida.
Em Março de 2015, o Procon-MA e o Ministério Público notificaram a Secretaria Municipal de Trânsito e Transportes (SMTT) e o Sindicato das Empresas de Transporte (SET) de São Luís pelo aumento nas tarifas de ônibus que entraria em vigor em 29 de março de 2015. O aumento não respeitou a legislação, que exige que haja audiência pública e o decreto que autoriza o aumento não foi publicado. Já foram 39% de aumento nos últimos nove meses. O último reajuste havia sido anunciado em Junho de 2014, após 16 dias de greve dos rodoviários. O valor da passagem aumentou de R$ 2,10 para R$ 2,40 em Junho de 2014. Na ocasião, o aumento foi de 23% (R$ 0,30) em todas as tarifas. Foi extinta a “domingueira” (desconto de 50% aos domingos). Segundo a Prefeitura, até Março de 2015, já haviam sido entregues 250 novos veículos como parte do Termo de Ajustamento de Conduta (TAC).
Todos estes ataques aos direitos e à dignidade dos usuários do sistema de transporte coletivo de São Luís foram realizados ao arrepio da lei, demonstrando uma atitude no mínimo irresponsável por parte da Prefeitura de São Luís em suas mais diferentes gestões. Ferem o artigo 7º, Capítulo II – Dos Direitos Sociais da Constituição Federal brasileira de 1988, que registra que “são direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à melhoria de sua condição social”, e, em seu inciso IV, que determina que o “salário mínimo, fixado em lei, nacionalmente unificado, capaz de atender a suas necessidades vitais básicas e às de sua família com moradia, alimentação, educação, saúde, lazer, vestuário, higiene, transporte e previdência social, com reajustes periódicos que lhe preservem o poder aquisitivo”.
Continuando na seara jurídica, a lei 8.987 de fevereiro de 1995, que dispõe sobre o regime de concessão e permissão da prestação de serviço público, destaca que tal serviço deve ser adequado ao pleno atendimento dos usuários. Sendo que a mesma lei define que serviço adequado é o que satisfaz as condições de regularidade, continuidade, eficiência, segurança, atualidade, generalidade, cortesia na sua prestação e modicidade das tarifas. (BASTOS, 2012)
Verifica-se que os contratos das linhas urbanas foram, inicialmente firmados, através da Lei nº 3430/1996, ou seja, há quatorze anos, sem que haja qualquer comprovação de que, por esta data, fora realizado a devida licitação. Assim, na presunção de regularidade das concessões iniciais, os respectivos contratos já tiveram seu prazo há muito expirado desde janeiro de 2006 (Ministério Público Estadual). Segundo o MPL de São Luís (Movimento Passe Livre São Luís), em entrevista ao blog do Ed Wilson, isto expressa falência de um modelo de organização do transporte coletivo no país, o modelo concessionário.


2.1 Estimativa de lucro das empresas de transporte coletivo de São Luís no ano de 2014


Apresentaremos a seguir uma estudo que faz estimativa de lucro do conjunto das empresas de transporte coletivo de São Luís. Tal estudo é uma adaptação de uma metodologia utilizada para estimar o lucro das empresas de transporte coletivo na cidade de São Paulo, disponível no portal tarifazero.org.
Tal estudo baseia-se numa fórmula simples que estima as receitas e as despesas gerais das empresas e subtrai uma da outra apresentando uma estimativa de lucros. Destacamos o caráter estimativo dos resultados apresentados tendo em vista a ausência de transparência por parte das empresas de transporte e da Secretaria Municipal de Trânsito e Transporte - SMTT dos dados completos de operação e funcionamento do sistema. Contudo baseamo-nos em dados concretos extraídos de matérias jornalísticas, dados oficiais extraídos do portal da transparência municipal e de trabalhos acadêmicos que tratam do sistema de transporte coletivo de São Luís.


2.1.1 Receita das Empresas de ônibus de São Luís


Para estimar a receita geral das empresas de ônibus que operam em São Luis precisamos somar a Arrecadação Tarifária Mensal com os repasses financeiros realizados pela Prefeitura, através da SMTT, ao Sindicato das Empresas de Transporte – SET.
A Arrecadação Tarifária Mensal é composta pelo total de passagens pagas por mês multiplicado pelo valor da tarifa. Relatório da SMTT de 2011 indica que o total de passagens pagas por mês é de 17.989.887 (dezessete milhões novecentos e oitenta e nove mil oitocentos e oitenta e sete) (SOUSA, 2013, p. 47).
Tomaremos por base o valor da tarifa de integração em vigor no ano de 2014 no valor de R$ 2,40 (dois reais e quarenta centavos). Para a Arrecadação Tarifária Mensal temos, então, 17.989.887 multiplicado por 2,40: o que resulta no total estimado de R$ 43.175.728,00 (quarenta e três milhões cento e setenta e cinco mil setecentos e vinte e oito reais) arrecadados com o pagamento de passagens de ônibus por mês.
Acrescido a este valor, temos 5 (cinco) repasses de R$ 2.000.000,00 ( dois milhões de reais) realizados pela Prefeitura, através da SMTT, ao Sindicato das Empresas de Transporte de São Luís nos meses de janeiro, fevereiro, março, abril e maio de 2014. Somando estes repasses temos R$ 10.000.000,00 (dez milhões de reais) e dividindo por 12 temos o total repassado pelo SMTT ao SET como se fosse em valores mensais o que perfaz o total de R$ 833.333,33 por mês (oitocentos e trinta e três mil e trezentos e trinta e três reais e trinta e três centavos). Temos agora condições de realizar o cálculo aproximado do Total de Receita Mensal arrecadada pelas empresas de transporte coletivo de São Luís composta pela Arrecadação Tarifária Mensal somada ao total de repasse realizado pelo SMTT diluído em 12 meses. Temos então: R$ 43.175.728,00 + R$ 833.333,33 = R$ 44.009.061 (quarenta e quatro milhões nove mil reais e sessenta e um reais).


2.1.2 Despesa das Empresas de Ônibus de São Luís


Passemos agora ao cálculo das despesas estimadas mensais das empresas de transporte coletivo de São Luís. Tal cálculo levará em conta as despesas com salário de motoristas e cobradores mais os gastos com combustível. Por falta de acesso a dados de operação do sistema, ficamos impossibilitados de inserir nesta parte do cálculo os valores relativos a gastos de pessoal administrativo das empresas, bem como os custos de manutenção dos ônibus, devendo ser levado em conta os dados estruturais brutos que incidem sobre os custos de despesas das empresas, ou seja, mão de obra e combustível.
Atualmente o salário base do motorista de ônibus em São Luís é de R$ 1.645,00 (mil seicentos e quarenta e cinco reais) e o de cobrador R$ 1.485,00 (mil quatrocentos e oitenta cinco reais). Para estimarmos o quanto é pago mensalmente a cobradores e motoristas devemos multiplicar esses valores por 13 que é o número de salários pagos em 1 ano dividirmos por 12 e somar ao valor resultante R$ 400,00, referente ao pagamento de ticket alimentação. No caso dos motoristas temos, então, R$ 1.645,00 x 13 / 12 + 400,00 = R$ 2.182,00 (dois mil cento e oitenta e dois reais). No caso dos cobradores temos R$ 1485,00 x 13 / 12 + 400,00 = R$ 2.008,00 (dois mil e oito reais).
De posse dessa informação podemos fazer um cálculo estimado de quanto o sistema gasta mensalmente para pagar salários de motoristas e cobradores. Atualmente existem 1.326 (mil trezentos e vinte e seis) ônibus em circulação no sistema de transporte coletivo de São Luís (SOUSA, 2013, p. 68). Considerando que para fazê-los rodar é preciso duas jornadas de trabalho diárias temos o seguinte cálculo: 2 x (R$ 2.182 + R$ 2.008) x 1326 (Número de ônibus em Circulação) = R$ 11.111.880,00 (onze milhões cento e onze mil oitocentos e oitenta reais).
Portanto, mensalmente é pago aproximadamente R$ 11.111.880,00 (onze milhões cento e onze mil oitocentos e oitenta reais) para pagamento de salário de motoristas e cobradores. Precisamos agora estimar quanto as empresas gastam mensalmente com combustível para fazer os ônibus rodarem pela cidade. Tal estimativa é conseguida através do seguinte cálculo: Km percorrido mês x taxa de consumo óleo diesel por km x Preço Litro Óleo Diesel.
Relatórios da SMTT indicam que os ônibus do sistema de transporte coletivo percorrem em conjunto 264.564 (duzentos e sessenta e quatro mil quinhentos e sessenta e quatro) quilômetros por dia. Portanto, para ter o valor mensal basta multiplicar este valor por 30 o que perfaz o total de 7.936.920 (sete milhões novecentos e trinta e seis mil novecentos e vinte) quilômetros por mês.
Estudos (BASTOS, 2012) indicam que a taxa média de consumo de combustível com a atual tecnologia de motores das principais fábricas de caminhões atualmente em uso é de 0,5 L / Km. O preço do litro do óleo diesel praticado no mercado atualmente é de cerca de R$ 2,70. Temos condições então de estimar os gastos totais mensais do sistema de transporte coletivo de São Luís com combustível aplicando os valores à fórmula apresentada acima. Temos então: 7.936.920 x 0,5 x 2,70 = R$ 10.714.842,00 (Dez milhões setecentos e quatorze mil oitocentos e quarenta e dois reais)
Podemos agora proceder um cálculo estimado do total de despesas estruturais brutas de operação do sistema de transporte coletivo de São Luís somando o total de despesas estimadas com pagamento de salário de cobradores e motoristas com a estimativa de gasto total mensal com combustível. Temos então: 11.111.880,00 + 10.714.842,00 = R$ 21.826.722 (Vinte e um milhões oitocentos e vinte e seis mil setecentos e vinte e dois reais).


2.1.3 Lucro Estimado das Empresas de Ônibus de São Luís


Portanto, podemos proceder agora a um cálculo acerca do lucro estimado do conjunto das empresas de ônibus de São Luís realizando um cálculo simples, subtraindo as receitas das despesas. Temos então:
44.009.061 – R$ 21.826.722 = 22.182.339 (vinte e dois milhões cento e oitenta e dois mil trezentos e trinta e nove reais)
Portanto, a estimativa de lucro mensal do conjunto das empresas que operam o sistema de transporte coletivo de São Luís é de cerca de 22 milhões de reais.
Como as informações diretas relativas ao funcionamento do sistema são trancadas a sete chaves, apresentamos esta estimativa de lucro como contribuição ao debate público sobre a real situação de funcionamento do Sistema Integrado de Transporte de São Luís (SIT) e como forma de contrapor ao discurso operado pelo sindicato das empresas de que o sistema funciona no vermelho.
Somente o debate público, com a SMTT e o SET informando transparentemente à sociedade os dados efetivos de funcionamento do sistema, pode esclarecer a realidade objetiva dessa realidade, a fim de que a população não se torne vítima de discursos vazios e infundados sobre a deficiência econômica de funcionamento do mesmo, ao mesmo tempo em que é submetida a um serviço de péssima qualidade, mesmo com os constantes aumentos dos preços das passagens de ônibus na cidade.


3. CONCLUSÃO


Diante do exposto, podemos afirmar que o SIT está sim falido, pois não atende aos requisitos de qualidade na mobilidade e aceso à cidade num ambiente urbano complexo como o da atual São Luís, mas o SET não!!!
No entanto, é difícil apontar o que funciona. O Sistema Integrado de Transporte (SIT), está falido: ônibus lotados, em péssimas condições, sujos e mal conservados, poucas opções de deslocamento, ônibus que demoram, seja presos em engarrafamentos ou pela distribuição de itinerários e linhas mal feitos, contratos precários (sem licitação), vencidos desde 2006, tarifas caras – a segunda mais cara do Nordeste, assaltos e mortes nos coletivos, proposta de campanha transformando-se em promessas eleitoreiras.
A crise é exatamente essa: a explosão dos lucros dos empresários de transporte integrado com a precariedade do serviço para os usuários. Uma falência impressionantemente mentirosa de um sistema altamente lucrativo.




REFERÊNCIAS




BASTOS, Marcelo Cabreira. Uma reflexão crítica sobre os modelos de reajuste tarifário para o transporte coletivo por ônibus urbano no Brasil. Rio de Janeiro: UFRJ/COPPE, 2012.
  1. SMTT e SET são notificados, e Procon-MA pede redução de tarifas. Mar, 2015. Disponível em: <http://imirante.globo.com/sao-luis/noticias/2015/03/30/procon-ma-notifica-smtt-e-set-e-pede-reducao-de-tarifas.shtml> Acesso em: 21 de março de 2015.

SOUSA, Bruno Leonardo Maciel de. Transporte coletivo público na cidade de São Luís-MA: comparações pré e pós-implantação do SIT – Sistema Integrado de Transportes. São Carlos: UFSCar, 2013.
Prefeitura vai recorrer contra reajuste na tarifa. Set, 2008. Disponível em: <<http://imirante.globo.com/sao-luis/noticias/2008/09/25/prefeitura-vai-recorrer-contra-reajuste-na-tarifa.shtml> Acesso em: 21 de março de 2015>
  1. Liminar do STJ suspende aumento das tarifas de ônibus. Set, 2008. Disponível em: <http://imirante.globo.com/mobile/sao-luis/noticias/2008/11/12/liminar-do-stj-suspende-aumento-das-tarifas-de-onibus.shtml> Acesso em: 21 de março de 2015

  2. PCdoB protesta contra aumento de passagens em São Luís. Fev, 2010. Disponível em: <http://www.vermelho.org.br/sc/noticia/124782-73 > Acesso em: 21 de março de 2015

    1. Sindicato dos Rodoviários questiona ampliação da frota. Ago, 2011. Disponível em: <http://www.guiasaoluis.com.br/ver.asp?pagina=748> Acesso em: 21 de março de 2015

Estudo sobre o lucro das empresas de ônibus em São Paulo. Fev, 2011. Disponível em: <http://tarifazero.org/2011/02/11/estudo-sobre-o-lucro-das-empresas-de-onibus-em-sao-paulo> Acesso em: 21 de março de 2015
Internet
https://www.facebook.com/PortalSemtur/posts/548086375237161
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quarta-feira, 19 de agosto de 2015

Sobre as desastrosas audiências públicas para revisão do zoneamento da cidade promovida pelo Incid

A prefeitura vem promovendo um arremedo de consulta popular para alterar o plano diretor e a lei de zoneamento da cidade, com o intuito de permitir às grandes construtoras erguer arranha-céus em São Luís e às empresas poluentes tomarem de conta da área portuária.
É um projeto que pouca gente está sabendo na cidade e a ideia é justamente essa: em pouco mais de um mês, uma série de quinze audiências, sem tempo hábil para suas devidas divulgações, têm reunido um público médio de 50 pessoas, que não contemplam as formações populosas da cidade. Para se ter uma ideia, esse foi o público da região da Cidade Operária, e número parecido compareceu na audiência no bairro da Alemanha e no Sacavém.
A prefeitura se nega nessas audiências a discutir o que vai fazer para garantir saneamento básico, transporte, áreas verdes para tanta gente empilhada, alegando que esse não é o foco da audiência e que isso será feito em outro momento. Ou seja: a ideia é apenas permitir grandes construções, mas não assegurar como diminuir o impacto delas na vida da cidade. Outro exemplo foi a audiência realizada na sede da Fiema, em que os empresários requereram que fosse retirada a proibição de grandes indústrias, como siderúrgicas, dentro da Ilha. Esse é o público privilegiado das audiências, que comparece com engenheiros e advogados, enquanto a população fica à margem do processo. As empresas esquecem que nos deve ser assegurado um meio ambiente saudável e equilibrado, que é tudo que não está contido na proposta que a prefeitura tem apresentando para alteração nas leis municipais, diminuindo a área da zona rural e entregando-a para as grandes empresas. Hoje o ar de São Luís já se encontra seriamente comprometido: somente a termelétrica da Eneva, lança no ar 13 MIL TONELADAS de diversos poluentes por ano. A Alumar, mais de DEZ MIL (isso, antes de ter sua planta duplicada) e a Vale, 17 MIL TONELADAS. E elas querem mais, com aval da Prefeitura e do Governo do estado, via Secretaria de Indústria e Comércio!
Para não permitir que vendam a cidade e a transformem num grande negócio com todos nós sofrendo dentro dela, é importante solicitar que outro tipo de consulta seja feito, sem tanta pressa, e com tempo para envolver a todos nas discussões. Para isso, é importante também comparecer às audiências, para fazer frente a esse projeto, que piora a cidade que já temos hoje, com estrutura muito precária, e a inviabiliza por completo num futuro não muito distante!

terça-feira, 4 de agosto de 2015

Frente de Lutas pela Mobilidade Urbana realiza aula pública no Coroadinho

A crise da mobilidade urbana em São Luís e na grande ilha completa uma década e meia. Há pelo menos 15 anos a cidade encontra-se desgovernada, crescendo à sua própria vontade, sem a iniciativa e planejamento do poder público em ordenar minimamente as diretrizes de crescimento da cidade, entregue à vontade voraz de crescimento de lucros do setor imobiliário e dos empreendimentos de risco que exploram a inépcia do poder público em fazer valer a imposição de diretrizes que garantam o interesse público. Diante desse cenário é preciso refletir sobre as razões que levaram à crise da mobilidade urbana na grande São Luís, à crise e precariedade do transporte coletivo, aos intermináves engarrafamentos; é preciso também ouvir as comunidades que compõe a grande São Luís sobre o que esperam da cidade para o futuro, da mobilidade e da política de ocupação dos espaços vazios da cidade. É preciso saber o que São Luís quer ser. Uma cidade dos grandes empreendimentos, dos carros e dos engarrafamentos ou uma cidade das pessoas que aproveitam os espaços físicos da cidade de maneira sustentável e racional. Discutiremos todos esses aspectos nessa intervenção.

Programação (provisória):

17:30 Exibição Documentário: Sociedade do Automóvel
18:30: Aula Pública A Crise da mobilidade urbana na grande ilha e as demandas do Coroadinho.
19:30 Banda Beto Nhongue e os Canelas Pretas
20:30 Tássia Campos
21:30 Banda Casa Loca
22:30 Celso Borges
22:30 Banda Crazytones



Próxima semana

Vila Conceição - Coroadinho
Rua Da Amizade, São Luís