domingo, 31 de maio de 2015

Maio se encecerra sem a prometida licitação do sistema de transporte coletivo feita pelo prefeito Júnior.

Fim de maio confirma mais uma mentira de Edivaldo Holanda

Com o fim do mês de maio, confirma-se mais uma das grandes mentiras do prefeito de São Luís, comprovando falta de eficiência e o vício em mentir para a população com o fim deliberado de preferir prejudicá-la para não se indispor com um dos setores que efetivamente mandam na cidade (os empresários do setor de transporte), como ficou comprovado no segundo aumento da passagem em menos de um ano.
Não faz muito tempo, mais precisamente no último dia 18 de maio, o próprio pai do prefeito mentiu na Tribuna da Assembleia Legislativa do Maranhão (isso não é caso de quebra de decoro?), ao reafirmar que a licitação do sistema de transporte seria feita ainda este mês: “De acordo com Edivaldo Holanda, com a implantação do sistema de biometria estão sendo criadas todas as condições para a implantação do GPS, que foi um compromisso de campanha do prefeito Edivaldo Junior, além do Bilhete Único, que virá no bojo da licitação, cujo edital deverá ser lançado ainda este mês”, informa o site da Assembleia Legislativa do Maranhão, sobre o pronunciamento do deputado pai do prefeito de São Luís.
Transformam a vítima em bandido

Em uma coisa o deputado Edivaldo Holanda tem razão em seu pronunciamento, como diz também a matéria do site da Assembleia: “A situação não é simples, informou Edivaldo Holanda, porque mexe com muitos interesses contrariados”.
Entretanto, ao contrário do que diz o pai do prefeito, a disposição da administração municipal é criminalizar a população, e não mexer com os que teriam, verdadeiramente, interesses contrariados caso a Prefeitura agisse em defesa da população, e não dos empresários.
O deputado disse que a implantação da tal biometria, apontada em seu discurso como um grande benefício (na verdade uma forma de controlar a população) daria as bases para que promessas como a da licitação – que sairia ainda em maio (mentira agora comprovada) –, a do GPS nos ônibus e a da implantação do bilhete único fossem cumpridas.
Vale lembrar que, em entrevista concedida a uma emissora de TV ainda antes de sua posse, o então prefeito eleito afirmara que “Uma das primeiras medidas que iremos tomar e é uma discussão antiga em São Luís, é a licitação das linhas de ônibus da nossa cidade. Há uma relação entre o poder público e os empresários aonde o poder público não pode cobrar da forma como deveria. Há um contrato a título precário, então, fazer a licitação das linhas de ônibus aqui em São Luís. Estabelecer metas de qualidade é fundamental para isso, para que possa dar, claro, qualidade ao nosso transporte coletivo. Nós sabemos que São Luís tem quase 700 mil usuários do transporte coletivo. Coletivos que não são bem tratados e que a nossa missão é dar um transporte público coletivo de qualidade à nossa cidade”. Mas, até hoje, com mais da metade de mandato de Edivaldo Júnior, São Luís ainda não viu serem tomadas essas que seriam as primeiras medidas, como ele anunciou.
Em seu pomposo pronunciamento na Assembleia, o pai do prefeito, ao contrário do que dizia seu filho antes da posse, mostrou que, no lugar dessa firme posição de enfrentar os “interesses contrariados”, o que se faz é culpar a população – que na verdade é vítima – pelo caos do sistema. Ele chegou a afirmar que a tal biometria combaterá fraudes que seriam responsáveis pelos sucessivos aumentos da passagem – uma meia verdade, já que até hoje a prefeitura não teve a coragem de agir com transparência e mostrar a contabilidade do sistema de transporte por inteira.
O próprio eterno secretário de Trânsito e Transportes, Canindé Barros, chegou a afirmar ao jornal “O Imparcial” que 500 mil pessoas fraudam o sistema. Isso é afirmar que metade da cidade pratica um crime, uma verdadeira calúnia a toda a cidade, falada sem o menor constrangimento!
Entretanto, os dados são refutados pela própria defesa que eles fazem da implantação da biometria, que teria reduzido em 7% as tais fraudes, ou seja, um número muito menor que o apontado por quem chama a população de bandida, em vez de procurar os criminosos contra o sistema de transporte entre aqueles que o operam na ilegalidade, caso das empresas de ônibus acobertadas pela prefeitura (se elas operam um serviço público que não lhes foi concedido, já que não houve licitação, elas estão, obviamente na ilegalidade, e o poder público as defende!).
Falta de licitação pode revelar temor de ser enquadrado pela lei

Se a licitação não sai, talvez um dos motivos seja fugir das regras a que estão obrigados, tanto o poder público concessionário quanto os concorrentes a essa concessão.
Ou seja: caso se abra realmente uma licitação para o sistema de transporte, qualquer tentativa de beneficiar as empresas que atualmente operam o sistema pode render grandes dores de cabeça para os administradores públicos, já que há regras claras que devem ser obedecidas dentro dessa modalidade. Caso isso não ocorra, e alguém seja beneficiado, isso pode render processos que vão desde a cassação do mandato com perda de direitos políticos a até mesmo prisão dos envolvidos. Um caso recente e exemplar é a condenação do ex-prefeito João Castelo, por ter favorecido uma empresa que participou de licitação para asfaltar vias da capital (o processo ainda não foi concluído, mas é um alerta e, queira Deus, resulte em efetiva condenação).
Talvez outro motivo para que ninguém até hoje tenha feito a licitação seja a pressão das atuais empresas operadoras, que poderiam ter, para usar as palavras do deputado Edivaldo (pai), seus interesses contrariados.
O que a divulgação das tais fraudes pode revelar, mas as autoridades fazem questão de ocultar

Um dado revelado pela própria divulgação dos tais resultados positivos da biometria (positivos para as empresas e seus defensores na prefeitura e demais esferas do poder público, não para a população), e que não é apontado pelas autoridades é a montanha de dinheiro que essas empresas ilegais ganham com o caro e horrível transporte público de São Luís:
Ora, se apenas 7% dos usuários fraudam o sistema, como apontaram matérias jornalísticas plantadas pela Prefeitura, e mesmo assim se conseguiu evitar fraude de 500 mil passagens, imagine quantos milhões de passagens representam os 93% que não são fraudadas, boa parte delas pagas integralmente pela população (as que não tem benefício de gratuidade ou de meia-passagem, por exemplo)?
É esse o montante que as empresas escondem, contando, para isso, com a cumplicidade e a conivência de todos os que sentaram na principal cadeira do Palácio La Ravardiére.
As próprias falas dos defensores desse sistema nebuloso do transporte da capital, que oprime e massacra os usuários, geram respostas da população, que não digere facilmente esses engodos: lendo os comentários, na Internet, das matérias que contam as vantagens da tal biometria implantada pela Prefeitura, é possível ver a reação dos usuários: uns apontam que, já que se combateu as fraudes, por que então a passagem continua cara (se as irregularidades eram o motivo do aumento). A isso, o silêncio dos administradores públicos mostra que os reais motivos dos sucessivos aumentos são outros, nunca revelados.
Quanto ganham os que se aproveitam do nosso sofrimento nos ônibus

Em aula pública realizada no centro de São Luís, usando uma metodologia adaptada da elaborada pelo Movimento Passe Livre (de São Paulo), a Frente de Lutas Contra o Aumento da Passagem demonstrou que, descontando-se as despesas, a montanha de dinheiro embolsada pelos que lucram com o sofrimento dos usuários é de aproximadamente vinte e cinco milhões de reais mensais, dado que a prefeitura não tem como refutar, já que não apresenta a planilha de custos do setor.

Bravatas das Tribunas tentam responder às ruas, atestando a pressão dos movimentos contra essa exploração

Uma coisa de realmente positiva pode ser tirada dos pronunciamentos mentirosos que defendem a leviandade da Prefeitura em relação ao transporte:
Todos eles tentam dar resposta à insatisfação da população, que já foi às ruas contra o aumento em diversos atos que aconteceram na capital, reunindo milhares de trabalhadores e estudantes, muitos tendo sido inclusive duramente reprimidos pela polícia militar do governo do estado e pela guarda municipal de São Luís.
Isso mostra que a fórmula de reagir a esse verdadeiro assalto, e não o aceitar, é o caminho para combatê-lo com eficácia, pois empareda os que se põem a mentir, dizendo que defendem os interesses da coletividade, quando na verdade o que querem é somente manter-se, todos eles, no poder, para, de lá, continuar a representar interesses ocultos.
É claro que muito ainda há de se lutar contra o que está encoberto. Uma forma é fortalecendo o ato do próximo dia 8, dessa vez para lembrar que a população está refém de um poder público ineficiente, tanto para lhe defender os interesses, quanto para garantir segurança no transporte coletivo. Nessa data, será lembrando um mês da triste morte de um estudante assaltado dentro de um ônibus. Assaltos a ônibus, infelizmente, acontecem frequentemente em São Luís.
Se muito ainda está encoberto, pelo menos este fim do mês de maio traz mais uma coisa à luz: a mentira da Prefeitura, de que realizaria, ainda este mês, a licitação para as linhas de ônibus da capital, cuja operação continua, infelizmente, da mesma forma como sempre foi feita pelas empresas que atuam no setor: na irregularidade.
Veja os links com as matérias que trazem os dados citados neste texto:

Deputado Edivaldo Holanda afirma que edital de licitação do transporte será lançado em maio

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